sexta-feira, 25 de março de 2011

Amistad



Não, não é o dia do amigo. É só uma declaraçãozinha para aqueles que estão sempre comigo.

Sempre fiz questão de dizer aos meus amigos que eles merecem o prêmio Nobel da Paciência, da Atenção, da Boa-vontade, e de todas as qualidades que, ao meu ver, merecem um prêmio Nobel. Se você é meu amigo, com certeza sabe do que eu estou falando.

Desde pequena, eu sempre tive uma facilidade em fazer amizades. Talvez por não me encaixar em nenhum grupo - o que me dava liberdade para passear por todos -, ou por gostar tanto de pessoas que conviver com tantas personalidades diferentes fosse algo interessante e prazeroso. Claro que esse tipo de comportamento, ao mesmo tempo que pode ser enriquecedor, também pode nos prejudicar, afinal, a gente nunca sabe o que se passa na cabeça das pessoas.

Portanto, é fato que desilusões foram frequentes não só no campo dos amores adolescentes, mas nas amizades também. Traições, puxões de tapete, admiração doentia, de tudo um pouco a gente sempre passa. Até o momento que, ou a gente se fecha pro mundo, ou passa a ter mais cuidado. Optei pela segunda alternativa.

Ainda que tenhamos todo o cuidado do mundo, se decepcionar com as pessoas será sempre uma constante em nossa vida. Somos humanos. E, nessa condição, somos feitos de erros e acertos. Nem adianta tentar escapar da regra.

Mas eis que o tempo passa, a gente cresce (e continua pequeno), aprende (e continua sem saber nada), e muitos comportamentos e necessidades mudam. Como só posso falar por mim, devo dizer que as mudanças na minha vida foram bastante significativas em relação à amizades.

Até que você se vê em um lugar diferente, com pessoas diferentes, mas, sem nenhuma explicação aparente, BUM! A afinidade acontece. Há quem tente explicar de todas as formas possíveis, mas sou simplista: afinidade acontece. E, às vezes sim, às vezes não, ela vem e traz consigo elementos em comum, dos mais diversos. Desde uma música antiga que você achava ser a única pessoa na Terra a se lembrar dela e vibra quando encontra alguém que também conhece, como expressões em comum, maneira de agir, etc. Descobrir afinidades é como achar o cofre da Rose no Titanic. E a partir daqui, pode começar uma caminhada na qual a paciência, o respeito e a boa-vontade precisam andar de mãos dadas. As duas mãos.

Então você acorda de mau humor e pronto. Já imagina ter que suportar aquela alegria matinal que te incomoda nos dias que estamos com a pá virada. Ou então, simplesmente estamos mais introspectivos e isso não precisa ser motivo de briga ou insegurança. É aqui que somos humanos. É aqui que buscamos respaldo para justificar aquele tom grosseiro que logo a força da amizade nos avisa que tudo não passou de um momento de incompatibilidade. Simples: incompatibilidade também acontece. E olha, meus amigos, ainda quando incompatíveis, merecem o Nobel por suportarem minha mudança assídua de humor.

Eles merecem porque sou confusa, impulsiva e bipolar. E todos nós temos o direito de assim sermos. E temos também o direito de agir em resposta conforme estamos acostumados. Mas a amizade está no respirar fundo, em superar aquela mania egoísta, em sentar pra conversar à respeito do que incomoda. E então a gente pensa: "Preciso mudar isso para lidar melhor com aquilo". E o "casamento" vai se adequando quando tem tudo para dar certo.

Eu queria ser como o Milton Nascimento ou o Leminski para saber falar da amizade de uma forma mais poética e, ao mesmo tempo, profunda. Mas minha forma de agradecer é ordenando (!) que eles estejam na minha vida para sempre, e que dividamos tudo de melhor que pudermos conquistar.

Porque, definitivamente, "amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito". E eu serei grata de todas as formas que eu puder, porque
"os meus amigos
quando me dão a mão
sempre deixam outra coisa.
Presença, olhar, lembrança, calor.
Meus amigos,
quando me dão,
deixam na minha
a sua mão."

Amo para sempre e mais um dia!