sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Desenlace


A poesia não mais me visita
Tirou férias, cansou dessa estabilidade
O espaço ficou pequeno demais pra nós duas
"-É o tempo que voa
e nós, sem asas,
precisamos correr para alcançá-lo",
digo eu como desculpa da solidão que ela me deixa.

E assim fico realmente sozinha
Quando já estou só
Cheia de metalinguagens, teorias e
relógios para explicar que a culpa
é dessa "pós-modernidade".

A verdade é que fui abandonada pela tal
Não crio, não sinto, não vejo, não rimo
Não escrevo e não vivo
Presa no vazio
E na saudade que ela nem se queixa.

Me deu um gelo
Não atende minha ligação
Trocou o endereço, sumiu do meu mapa
Levou meu astral.

Pequei na atenção:
Corri tanto atrás do tempo
Que a poesia, sensata e sem lamento
Quis dar um tempo comigo.