segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Amores breves

Subi no ônibus pensando em como seria bom se eu já estivesse com meu carro. Não pensei em nada exorbitante, fui bastante modesta na escolha do veículo, juro. Mas encarei a realidade e nem bem subi no maldito, o motorista já tinha acelerado. Se haviam 6 pessoas no ônibus, haviam muitas. Pelo menos isso.
Sentei à direita, próxima das cadeiras especiais. Não passaram-se 3 minutos e ele estava à minha frente, pedindo licença para sentar-se na cadeira ao lado da minha, na janela. Só o que pude notar, nesse curto espaço de tempo, foi uma bela e despretensiosa camada de pelos em seu rosto. Barba muito bonita.
Assim que ele sentou e acomodou-se, me perguntei o porquê da escolha daquela cadeira, exatamente alí, ao meu lado, na "minha" janela. Com infinitas possibilidades de assentos naquele ônibus (que, por azar o meu, eu nem sabia o nome), ele sentou comigo. Na pior das hipóteses, cogitei um assalto. Mas não. Não era.
Pensei em virar disfarçadamente a cabeça em direção à janela e olhá-lo mais um pouco, quando percebi que ele estava fazendo o mesmo. Fiquei tesa e provavelmente iniciou-se um degradê entre minha pele e meu cabelo: enrubesci. Ele parou de olhar, eu olhei de volta. Isso se repetiu umas duas vezes e eu, num (in)conveniente mecanismo de defesa, dei risada. Ele riu também. Sorriso muito bonito.
Primeiro contato visual. Ele se apressou e iniciou a conversa, ainda rindo.
- O que foi? Do que está rindo?
- Nada, nada. (Sorrisos, sorrisos...)
- Qual é o seu nome?
- Fernanda.
- Sou Rafael. Prazer, Fernanda. - Disse estendendo a mão para um aperto. Primeiro contato físico.
A conversa durou uns 5 minutos, com intervalos de 5 segundos de silêncio, por conta, principalmente, da minha timidez. Mas ele prontamente não deixava que a conversa cessasse.
Rafael mora um pouco longe, trabalha perto de mim e estuda música. Se forma ano que vem.
Meu ponto já estava próximo quando eu constatei que poderíamos rodar a cidade naquele ônibus e nunca parar de conversar. Meu mundo tinha um súbito interesse naquele mundo que estava à minha frente.
Quando me despedi, ele disse:
- Espero encontrá-la novamente. - (Que sorriso bonito.)
- Também espero... Prazer, Rafael. - Sorri bonito também.
Fui o caminho todo até chegar em casa rindo feito uma idiota. As pessoas me olhavam torto e eu não conseguia parar de sorrir. Quanto mais eu constatava a minha idiotice, mais sorria.
Não sei nada mais sobre Rafael e nem sei se nos veremos novamente. Esses momentos são tão corriqueiros, mas quem sabe o que nos espera? Sempre gostei de idealizar as coisas mais peculiares possíveis, sem correr o risco de uma possível decepção. Sou libriana nata: sofro para sempre, mas só até amanhã.
Acredito que o destino sempre faz a parte dele quando a gente faz a nossa...

Ah, quer saber? Quem precisa de carro mesmo?



[Essa imagem é do filme "My Sassy Girl" (Ironias do amor, na terrível tradução pro português), do diretor Yann Samuell, que fez um remake norte-americano do filme sul-coreano de 2001. Comédia romântica sim, sem preconceitos. Chorei pra me acabar. No filme, Charlie (Jesse Bradford) é um estudante tímido e idealista que nunca conheceu uma paixão. Quando ele salva da morte a bela Jordan (Elisha Cuthbert), sua vida muda para sempre. Os dois se aproximam e Jordan envolve Charlie em um excêntrico jogo de sedução. Para conquistar seu amor, Charlie será testado à exaustão. Vale a pena assistir. Depois me contem o que acharam!]

5 comentários:

  1. Minha poetiza, vc é meu orgulho. É uma delícia ler seus textos, sejam eles em prosa ou verso. Quero muito poder ler um livro seu. Espero que em breve!

    Beijos da irmã babona!

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  2. Melhor doq ouvir vc contando essa história é ler! Como vc escreve bem! Hipnotiza! Faz a gente se sentir na cena. E dá vontade de conhecer Rafael tb. Só dispenso fácil o ônibus. rs. Mas até q vale msm a pena em alguns momentos.

    Lindo! Só não mais doq vc. Vc é a mais, do mundo inteirinho!

    Beijos da irmã...se Cal é babona eu sou oq? Fã? É...acho q sim! A nº 1, pode ser? ;)

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  3. =DDDDD
    Lindo, preciso, doce e sutil.

    Quero muito poder ler um livro seu. [2]

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  4. toda linda você. :)

    sexta da próxima semana estarei aí pra a gente violar e bater papo!

    :**

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  5. Eu quero seu livro autografado!
    Vc me orgulha muito!

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